Os elementos da Textualidade e a produção de sentido no texto: Princípios e a prática docente
Os
princípios da textualidade que serão apresentados neste trabalho como
ferramentas para a produção de sentido no texto são: a contextualização, a
coesão, a coerência e os cinco fatores pragmáticos (intencionalidade,
informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade).
Inicialmente
destacaremos as características necessárias para a produção de sentido no
texto.
Ao
elaborar qualquer tipo de texto seja ele literário ou não, devem-se destacar os
principais elementos que o autor utilizará para a transmissão de idéias e assim
elaborar as informações necessárias para a compreensão do interlocutor.
A
produção de sentido no texto está inteiramente ligado a leitura e compreensão.
Segundo
Marcuschi (2003)... “a produção textual não é uma simples atividade de
codificação e a leitura não é um
processo de mera decodificação”, logo o que pode-se concluir desta afirmativa é
que tanto o processo de criação de texto quanto a leitura são procedimentos que
requerem saberes prévios acerca dos conteúdos e sua exploração implica
compreender os significados e a finalidade do texto.
Não
adianta decodificar sem assimilação e compreensão.
Quando
se estuda a produção textual e seus elementos e comparamos na prática,
verificamos que o principal desafio entre os alunos é aplicarem os
procedimentos ensinados, de forma estrutural que possa lhe direcionar nas
possibilidades de interpretação que está totalmente atrelado as diversas
estratégias e conhecimentos, lhes dando sentido e facilidade na leitura e na
escrita.
Portanto,
vale discorrer acerca de alguns elementos da textualidade para entendermos as
dificuldades no ensino, na produção e elaboração textual.
Halliday
e Hasan (1976) afirmam que o que permite determinar se uma série de sentenças
constitui ou não um texto são as relações coesivas com e entre as sentenças,
que criam a textura:
Um texto tem uma textura e é isto que
o distingue de um não texto. O texto é formado pela relação semântica de
coesão.
Entendem,
então, coesão como um conceito semântico referente às relações de sentido que
se estabelecem entre os enunciados que compõem o texto, assim, a interpretação
de um elemento depende da interpretação de outro.
A
coerência, por sua vez, refere-se aos modos como os componentes do universo
textual, isto é, os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície,
se unem numa configuração de maneira reciprocamente acessível e relevante.
O
contexto pode ser analisado de diversas formas, porém um dos conceitos mais
abrangente para esclarecer a sua importância na produção de sentido no texto é
a teoria de Van Dijk (1997) que define contexto como um conjunto de todas as
propriedades de situação social que são sistematicamente relevantes para a
produção, compreensão ou funcionamento do discurso e de suas estruturas; o
estudo e aplicabilidade da contextualidade são de grande importância na
produção de texto por que implica um dos fatores pragmáticos que é o grau de
informatividade e é este embasamento que vai dar ao texto a riqueza de seu
conteúdo, o foco para o que será escrito e por isso a contextualidade é
elemento fundamental, portanto devido a estes fatores que os elementos da
textualidade devem ser abordados nas escolas de maneira incisiva para que os
alunos desmistifiquem as aulas de produção de texto, pois alunos bem informados
e com conteúdos contextualizados possuem o primeiro passo para uma boa redação.
Os
fatores pragmáticos são aqueles que analisamos dentro e fora do texto, de forma
direta e indireta, pois ao ler um texto identificam-se a sua intencionalidade,
aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade, sendo
está última a que mais apresenta dificuldades de assimilação dos alunos.
Os
fatores pragmáticos que abrange a lingüística textual pouco são ensinados na
educação pública de nosso país.
Estudos
mostram que a maioria dos alunos que concluíram o ensino médio desconhece os
fatores pragmáticos do texto e apesar de fazer suposições erradas a respeito
também desconhecem diferenças básicas em diversos tipos de textos como
redações, sínteses e resumos que são conhecimentos básicos para a entrada deste
estudante na universidade e para a vida profissiona,l sendo esta a realidade na
maior parte do país, logo isso se deve ao fato de que o ensino defasado não dá
suporte para que docentes de Língua Portuguesa abordem o conteúdo, pois devido
ao tempo e ao cronograma dos conteúdos obrigatórios do ano letivo, os mesmo se
vêem sem recursos para traçar prioridades, ficando conteúdos importantes para o
desenvolvimento do aluno em segundo plano.
Os
fatores pragmáticos consistem em conhecimentos básicos para a interpretação,
pois o estabelecimento da compreensão de um texto depende, em grande parte
desses fatores.
Tais
fatores são trabalhados de forma interligada, pois a coerência textual se
estabelece através da interação, crenças, desejos, preferências, normas e
valores dos interlocutores e estando afinados com tais conhecimentos é que o
leitor identificará de maneira clara no texto seu conteúdo (tema) e finalidade.
São
cinco os fatores pragmáticos que serão delineados a seguir: a intencionalidade,
a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade.
- Intencionalidade
Refere-se ao esforço do produtor do texto em
construir uma comunicação eficiente capaz de satisfazer os objetivos de ambos
os interlocutores. Quer dizer, o texto produzido deverá ser compatível com as
intenções comunicativas de quem o produz.
- Aceitabilidade
O texto produzido também deverá ser compatível com a
expectativa do receptor em colocar-se diante de um texto coerente, coeso, útil
e relevante. O contrato de cooperação estabelecido pelo produtor e pelo
receptor permite que a comunicação apresente falha de quantidade e de
qualidade, sem que haja vazios comunicativos. Isso se dá porque o receptor
esforça-se em compreender os textos produzidos.
- Situacionalidade
É a adequação do texto a uma situação comunicativa,
ao contexto. Note-se que a situação orienta o sentido do discurso, tanto na sua
produção como na sua interpretação. Por isso, muitas vezes, menos coeso e,
aparentemente, menos claro pode funcionar melhor em determinadas situações do
que outro de configuração mais completa. É importante notar que a situação
comunicativa interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre
toda a situação, já que o texto não é um simples reflexo do mundo real. O homem
serve de mediador, com suas crenças e idéias, recriando a situação. O mesmo
objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o encaram de modo
diverso. Muitos lingüistas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos fatores
citados, ressaltando sua importância na construção dos textos.
- Informatividade
É a medida na quais as ocorrências de um texto são
esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo receptor. Um discurso menos
previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais
interessante e envolvente. O excesso de informatividade pode ser rejeitado pelo
receptor, que não poderá processá-lo. O ideal é que o texto se mantenha num
nível mediano de informatividade, que fale de informações que tragam novidades,
mas que venham ligadas a dados conhecidos.
- Intertextualidade
Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um
texto dependente da interpretação de outros. Cada texto constrói-se, não
isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos
para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser de outros
textos com os quais se relaciona.
Referência: